O sistema imunológico é responsável por proteger o organismo de invasores externos, como vírus e bactérias.
Ele funciona como o mecanismo de defesa do corpo contra as incontáveis substâncias estranhas presentes no ar que respiramos, nos alimentos que ingerimos e nos objetos em que tocamos.
Mas, às vezes, ele reage de forma exagerada a alguma substância inofensiva com a qual temos contato: o alérgeno. Esse processo é a popular alergia.
Uma pessoa pode passar a vida tendo contato com alguma substância e se alimentando de alguma comida e nunca ter nenhuma reação, até um dia ter.
A comunidade científica ainda não sabe explicar o aparecimento tardio de uma alergia.
O causador da reação alérgica, no entanto, não é o microrganismo em si, mas os anticorpos que o nosso próprio corpo cria para se defender.
É um erro de interpretação do sistema imunológico a elementos naturais. As reações de defesa podem ser das mais diversas: coceira, manchas, descamações e, no pior e mais raro dos casos, um choque anafilático, que pode levar à morte.
Na maioria das vezes, a alergia atrapalha muito a qualidade de vida dos pacientes.
A alergia é uma doença geneticamente transmitida com codominância entre pai e mãe. Se ambos forem alérgicos, há uma chance de 70% de o filho ser também.
Se a reação ao alérgeno for rápida, é mais fácil diagnosticar. o problema maior são as que demoram a aparecer a reação, aí é preciso fazer uma triagem, investigar os elementos rotineiros, descobrir por exclusão. É importante saber se houve uma mudança de hábito, de dieta, se a pessoa usou um cosmético diferente, por exemplo.
Um problema mundial
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 30% da população têm alguma alergia.
Ainda segundo ela, até o fim do século, metade da humanidade sofrerá de algum tipo de alergia. Alguns estudos corroboram o aumento, especialmente, em se tratando das alergias alimentares.
Uma pesquisa feita pela King’s College London e publicada no ano passado registrou um aumento de 7% na incidência de alergias alimentares em crianças no Reino Unido e 9% na Austrália, por exemplo.
Documento desenvolvido pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) e pela Sociedade Brasileira de Pediatria mostra que os dados sobre prevalência de alergia alimentar no Brasil são escassos e limitados a grupos populacionais, o que dificulta uma avaliação mais próxima da realidade.
Mas a incidência de alergia alimentar no país é mais comum em crianças e a sua prevalência, que parece ter aumentado nas últimas décadas em todo o mundo, é de aproximadamente 6% em menores de 3 anos e de 3,5% em adultos.
A Histamina no corpo
Em resposta ao alérgeno, o sistema imunológico libera várias substâncias, principalmente a histamina, que dilatam os vasos sanguíneos.
Elas também aumentam a permeabilidade dos vasos, permitindo o vazamento de líquido para fora deles, o que causa inchaço no corpo, inclusive da glote, dificultando e até impedindo a respiração.
A vasodilatação também causa pressão baixa, o que dificulta a chegada de oxigênios aos órgãos e sobrecarrega o coração, podendo causar uma parada cardíaca.
Atópica ou de contato?
A dermatite atópica é um dos tipos mais comuns de alergia cutânea, e é crônica.
Já a dermatite de contato só acontece quando o paciente toca algum alérgeno, que pode ser um alimento ou algum produto na pele.
“Em geral, a gente observa se as lesões serão no local do contato”, diferencia a dermatologista Natália Souza Medeiros, do Hospital Santa Lúcia. Já quem tem dermatite atópica apresenta pele seca, erupções que coçam e crostas, principalmente nas dobras dos braços e na parte de trás dos joelhos.
Alguns fatores de risco para as crises de dermatite atópica são aproximação de pólen, mofo, ácaros, pelos de animais; contato com materiais ásperos; exposição a irritantes ambientais, a fragrâncias ou corantes adicionados a loções ou sabonetes, a detergentes e produtos de limpeza em geral; roupas de lã e de tecido sintético; baixa umidade do ar, frio intenso, calor e transpiração; infecções; estresse emocional e certos alimentos.
Quando o problema está no ar
Asma, rinite, sinusite são todas alergias respiratórias. Os mecanismos por trás das alergias não são claros ainda para os especialistas, mas sabe-se que elas estão interligadas.
“Existem ligações cruzadas de uma série de processos alérgicos”, afirma Flávio Ejima, gastroenterologista do Hospital Santa Helena.
Dados mostram que 50% das pessoas com dermatite atópica têm também rinite alérgica e 40% têm asma. É a chamada tríade atópica ou tríade alérgica, que envolve uma tendência genética e algumas disfunções no sistema imunológico comuns às três doenças.
O alergista Gustavo Fabo explica que a mucosa do pulmão e da via aérea superior funciona melhor quando se está hidratado.
Ele ressalta que essa é uma importante medida para prevenção de crises alérgicas respiratórias. “Perdemos água na respiração e na transpiração. Então, devemos beber água o dia inteiro e lavar as vias respiratórias com soro fisiológico.”
Cílios e unhas: é preciso ficar atento
A Associação Britânica de Dermatologistas emitiu alerta de que produtos químicos acrílicos, os principais ingredientes em unhas de acrílico, de gel e de polimento de gel, estão causando uma epidemia de alergia de contato no Reino Unido e na Irlanda.
O comunicado baseou-se em um estudo que descobriu que 2,4% das pessoas testadas tinham alergia a pelo menos um tipo de químico metacrilato, principais ingredientes utilizados nos três procedimentos estéticos.
No Brasil, os casos também aumentaram. A dermatologista Valéria Marcondes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que produtos químicos metacrílicos causam, de fato, alergia em muita gente.
“Nem todos podem usar as unhas postiças. Há pessoas com doenças na pele ou nas unhas que não devem usar. Por exemplo: alérgicos aos componentes do adesivo, pessoas com a pele sensível, com psoríase da unha e infecção devem evitar, pois o trauma pode piorar a doença da pele e das unhas”, esclarece.
Segundo a dermatologista Claudia Marçal, as reações alérgicas podem envolver o afrouxamento das unhas ou uma vermelhidão com comichão, não apenas nas pontas dos dedos, mas, potencialmente, em qualquer parte do corpo que tenha entrado em contato com as unhas, incluindo pálpebras, face, pescoço e região genital. Muito raramente, podem ocorrer problemas respiratórios.
Os alongamentos de cílios também têm aumentado o atendimento de pacientes com complicações.
A oftalmologista Patrícia Moitinho Ferreira, do Hospital Oftalmológico de Brasília, do Grupo Opty, garante que o procedimento é seguro, mas exige cuidados: “É necessário proteger as áreas mais importantes, como a pele da pálpebra e a área ocular, para não causar irritação.
Além disso, devem ser usadas colas específicas. Tem gente que usa superbonder. Os fios postiços devem ser leves e colados nos folículos pilosos, não na pele”.
Procurei neste artigo passar uma visão geral da complexidade das alergias e como elas se desenvolvem em todo o mundo, inclusive no Brasil. Espero que tenha lhe sido útil.
Qualquer dúvida deixe nos comentários abaixo que eu lhe respondo em seguida.
Até breve.